Palavras ditas ...

Se eu gosto de poesia?
Gosto de gente, bichos, plantas, lugares, chocolate, vinho, papos amenos, amizade, amor... Acho que a poesia está contida nisso tudo."
Carlos Drumond de Andrade

terça-feira, 18 de novembro de 2014

A um Jovem Poeta


Procura a rosa.
Onde ela estiver
estás tu fora
de ti. Procura-a em prosa, pode ser

que em prosa ela floresça
ainda, sob tanta
metáfora; pode ser, e que quando
nela te vires te reconheças

como diante de uma infância
inicial não embaciada
de nenhuma palavra
e nenhuma lembrança.

Talvez possas então
escrever sem porquê,
evidência de novo da Razão
e passagem para o que não se vê.


Manuel António Pina,  nasceu no Sabugal a 18 de Novembro de 1943. Licenciou-se em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Jornalista e escritor, com especial incidência na poesia e na literatura infanto-juvenil., tem também diversas obras de ficção, crónica e teatro.

É Comendador da Ordem do Infante D. Henrique e, para além dos vários prémios pela literatura infanto-juvenil e crónica, recebeu também o Prémio de Poesia da Casa da Imprensa, Prémio Gulbenkian, Prémio da Crítica, da Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos Literários, Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores e o Prémio Camões.



segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Tabacaria - Alvaro de Campos e Mário Viegas


Alvaro de Campos dito por Mário Viegas

O grande Mário Viegas faria hoje 66 anos.
Grande em tudo que fez - encenador, actor e declamador - deixou-nos cedo demais. 
Foi distinguido com vários prémios, nacionais e estrangeiros, entre eles  o Prémio Garrett (1987) da Secretaria de Estado da Cultura.
Em 1993 recebeu a Medalha de Mérito do Município de Santarém  e em 1994 o título de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O mar dos meus olhos


                                                 Sophia diz que a sua poesia lhe acontece ...


Nasceu há 95 anos e é uma destas MULHERES


Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma
E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes...
e calma

Sophia de Mello Breyner Andresen

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Soneto de Devoção

Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! — uma cadela
Talvez... — mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

         Vinicius de Moraes


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