Por todos aqueles que se dirigiam à vida, que só esperavam vida
e que, sem saber, caíram desamparados no abismo opaco da morte;
por todos aqueles que acordavam de manhã, que se alimentavam
de ilusão, invencíveis perante a sua teimosia inocente, e que, na
dobra de um instante, desprotegidos da solidão, acordados a meio
de um sonho, caíram desamparados no abismo opaco da morte;
por todos aqueles olhares que refletiam a luz do dia, montras de
segredos, rostos que lembraremos com um sorriso brando e que,
sem motivo, caíram desamparados no abismo opaco da morte;
estas palavras frágeis e inúteis, este tempo breve e insuficiente.
Existiram como nós, foram gente como nós, sentiram como nós.
Por todas as palavras que disseram, pela forma humana como as
pronunciaram, pela memória incandescente da sua voz, pelo seu
tempo de pessoas, estas palavras incapazes, este tempo incapaz
e o caminho x ou y que escolhemos para segui-los.
José Luís Peixoto - inédito
15.07.16
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