Palavras ditas ...

Se eu gosto de poesia?
Gosto de gente, bichos, plantas, lugares, chocolate, vinho, papos amenos, amizade, amor... Acho que a poesia está contida nisso tudo."
Carlos Drumond de Andrade

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Naturalidade

Europeu, me dizem.
Eivam-me de literatura e doutrina
européias
e europeu me chamam.

Não sei se o que escrevo tem raiz a raiz de algum
pensamento europeu.
É provável ... Não. É certo,
mas africano sou.
Pulsa-me o coração ao ritmo dolente
desta luz e deste quebranto.
Trago no sangue uma amplidão
de coordenadas geográficas e mar Índico.
Rosas não me dizem nada,
caso-me mais à agrura das micaias
e ao silêncio longo e roxo das tardes
com gritos de aves estranhas.


Chamais-me europeu? Pronto, calo-me.
Mas dentro de mim há savanas de aridez
e planuras sem fim
com longos rios langues e sinuosos,
uma fita de fumo vertical,
um negro e uma viola estalando.

Rui Knopfli

domingo, 30 de janeiro de 2011

Não quero

Não quero recordar nem conhecer-me.
Somos demais se olhamos em quem somos.
Ignorar que vivemos
Cumpre bastante a vida.

Tanto quanto vivemos, vive a hora
Em que vivemos, igualmente morta
Quando passa conosco,
Que passamos com ela.

Se sabê-lo não serve de sabê-lo
(Pois sem poder que vale conhecermos?)
Melhor vida é a vida
Que dura sem medir-se.

Ricardo Reis

Não há poesia na loucura

Fomos visitar-te com a alegria natural
com que se visitam os amigos.
Com a combinação prévia de não haver drama.
Tudo seria natural.
As recordações comuns do tempo em que o tempo não acabava,
em que o tempo tinha tempo
e era nosso.

Entraste e, nos teus olhos, o tempo tinha desaparecido
e vagueavas sózinho nas memórias que eram tuas ...

Nós não estávamos lá
não te pertenciamos

O tempo acabou!

Maria Mendes

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Faz-me o favor...

Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das caras e dos dias.

Tu és melhor -- muito melhor!
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.

Mário Cesariny

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na busca de um bem definitivo
Em que as coisas de Amor se eternizassem

Sophia de Mello Breyner Andresen

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Voar

cruzaremos as praças de Viena
como corremos nas areias das praias:
velozes, sedentos, famintos dos tempos antes dos nadas.
e em Dingle o olhar parará, fixo no mar e no verde irlandês
de gaélicas folhas molhadas em saudades.
tal como Veneza. tal como o Egipto,
as míticas ameijoas nas Caraíbas e o sorriso dum beijo
trocado num parque de estacionamento
onde estacionamos o tempo e iniciamos o viajar.

a regra é única, fácil,
e rejubila de alegria o gordinho:
viver cada pedaço de noite anestesiante
entediante, triste,
com a cancela aberta, lá.
onde Dingle, Kiribati, Viena
Veneza e tudo se vizinham,
mesmo que nesse condomínio Toutatis
não administre as zonas comuns e tudo pareça tão distante
como uma casa de sonho na Lua.

(predisse uma cigana que nunca vi.
mas que se a consultássemos
e nos olhasse os traços manos diria:
corram! corram! existe Kiribati!)

cruzaremos os tempos que faltam
na correria de encontrar e ver
os tesouros que há no mundo.
e, num parque de estacionamento,
um jardim com um moinho,
um café com janelas em tulipas e recheio de maçãs
tudo entrevimos.

e fugimos das terras miúdas
as noites terríveis, a chuva
a dor de não-viver vivendo
a mentira que não se sonhou.
e tudo, tudo isto, será de mãos-dadas
que o correr só tem graça
os fumos enlaçados neste cigarro
que queima, arde, e num sopro fez uma nuvem
igual à de quando acreditávamos
que o mundo, em todo o mundo havia Kiribatis.

ah a racionalidade, ah as noites tristes...
ah a Lua tão distante e esta gravidade imensa
que tolhe os dias e alonga a ruga
e chove, chove sempre...
Toutatis é mau, não olha e vê qu'a cancela aberta
(tal como predisse uma cigana)
é ponto de partida e meta
é o estado natural dela.
igual a Dingle e Gallway
Salzburg, Viena, o Egipto e o chocolate veneziano.
esta correria ganha no instante que nos cruzamos
e lemos as vidas, nuvens gémeas.
falta um raio, um chispe, tiro de partida, iluminação.
falta correr e cruzarmos a vida igual à que sonhamos,
gigante, este cigarro ardido, a mão que se enlaça
fazê-la areal ou calçada
nacos concretos de dias, regresso ao bonito viver.

tudo existe - a cigana predisse
quando nos olhou as mãos e a cancela,
elas dadas, ela aberta
e os gordinhos iguais, encolhidos,
ansiosos dum vizinho
que olhe e veja, conheça as nuvens
e a aurora do seu nascer.

velozes, sedentos, famintos
dos tempos antes dos nadas.
mas Kiribati ainda existe aos que acreditam
na magia das Mãos Dadas.

Toutatis? não tem mais que sorrir!...

Carlos Gil

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa ás verdadeiras fontes de emoção, as que são o património de todos e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.


Vinicius de Moraes

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A Vida

A vida, as suas perdas e os seus ganhos, a sua
mais que perfeita imprecisão, os dias que contam
quando não se espera, o atraso na preocupação
dos teus olhos, e as nuvens que caíram
mais depressa, nessa tarde, o círculo das relações
a abrir-se para dentro e para fora
dos sentidos que nada têm a ver com círculos,
quadrados, rectângulos, nas linhas
rectas e paralelas que se cruzam com as
linhas da mão;

a vida que traz consigo as emoções e os acasos,
a luz inexorável das profecias que nunca se realizaram
e dos encontros que sempre se soube que
se iriam dar, mesmo que nunca se soubesse com
quem e onde, nem quando; essa vida que leva consigo
o rosto sonhado numa hesitação de madrugada,
sob a luz indecisa que apenas mostra
as paredes nuas, de manchas húmidas
no gesso da memória;

a vida feita dos seus
corpos obscuros e das suas palavras
próximas.

Nuno Júdice, in "Teoria Geral do Sentimento"

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Poema à Mulher de Signo Aquário



Se o que se quer é a boa esposa
A aquariana pousa.
Se o que se quer é uma outra coisa

A aquariana ousa.
Se o que se quer é muito amor
A aquariana
É a mulher macho sim senhor.
Porém não são possessivas
Nem procuram dominar
Ou são meigas e passivas
Ou botam para quebrar.

Vinicius de Moraes

Aquário - de 20 de Janeiro a 18 de Fevereiro

Espero

Espero sempre por ti o dia inteiro,
Quando na praia sobe, de cinza e oiro,
O nevoeiro
E há em todas as coisas o agoiro
De uma fantástica vinda.

Sophia de Mello Breyner Andresen

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

matiné de carinho

hoje queria ir ver um filme antigo,
tão antigo como nós.
do tempo em que o cinema éra-nos especial
e escondíamos as lágrimas que se nos colavam como feitiço.

e ríamos tanto, tanto, antes e depois do filme
que o seu bilhete era a porta íntima do mundo.

hoje queria estar contigo,
e voltar a ver os nossos filmes um por um.
as lágrimas, o riso, a centelha
de te tocar no braço e acreditar que há momentos
como o princípio do mundo.

Carlos Gil

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Tempo de Travessia

Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas,
que já têm a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmos lugares.
É o tempo da travessia:
e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado,
para sempre, à margem de nós mesmos.

Fernando Pessoa

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Conselho de um velho apaixonado

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer
seu coração parar de funcionar por alguns segundos,
preste atenção: pode ser a pessoa
mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento,
houver o mesmo brilho intenso entre eles,
fique alerta: pode ser a pessoa que você está
esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo
for apaixonante, e os olhos se encherem
d'água neste momento, perceba:
existe algo mágico entre vocês.

Se o 1º e o último pensamento do seu dia
for essa pessoa, se a vontade de ficar
juntos chegar a apertar o coração, agradeça:
Algo do céu te mandou
um presente divino : O AMOR.

Se um dia tiverem que pedir perdão um
ao outro por algum motivo e, em troca,
receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos
e os gestos valerem mais que mil palavras,
entregue-se: vocês foram feitos um para o outro.

Se por algum motivo você estiver triste,
se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa
sofrer o seu sofrimento, chorar as suas
lágrimas e enxugá-las com ternura, que
coisa maravilhosa: você poderá contar
com ela em qualquer momento de sua vida.

Se você conseguir, em pensamento, sentir
o cheiro da pessoa como
se ela estivesse ali do seu lado...

Se você achar a pessoa maravilhosamente linda,
mesmo ela estando de pijamas velhos,
chinelos de dedo e cabelos emaranhados...


Se você não consegue trabalhar direito o dia todo,
ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...

Se você não consegue imaginar, de maneira
nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...

Se você tiver a certeza que vai ver a outra
envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção
que vai continuar sendo louco por ela...

Se você preferir fechar os olhos, antes de ver
a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes
na vida poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.

Às vezes encontram e, por não prestarem atenção
nesses sinais, deixam o amor passar,
sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.

É o livre-arbítrio. Por isso, preste atenção nos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem
cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!!

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 15 de janeiro de 2011

E por vezes

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

David Mourão-Ferreira

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.


Alexandre O´Neill

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Poema do amigo aprendiz

Quero ser o teu amigo.
Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te, sem medida, e ficar na tua vida da maneira mais discreta que eu souber.

Sem tirar-te a liberdade.
Sem jamais te sufocar.

Sem forçar tua vontade.
Sem falar quando for hora de calar, e sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente nem presente por demais, simplesmente, calmamente, ser-te paz...
É bonito ser amigo.
Mas, confesso, é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças!
Dá-me tempo de acertar nossas distâncias.

Fernando Pessoa

imagem retirada daqui

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Amor de fixação

Há um caminho marítimo no meu gostar de ti.
Há um porto por achar no verbo amar
há um demandar um longe que é aqui.
E o meu gostar de ti é este mar.

Há um Duarte Pacheco em eu gostar
de ti. Há um saber pela experiência
o que em muitos é só um efabular.
Que de naufrágios é feita esta ciência

que é eu gostar de ti como um buscar
as índias que afinal eram aqui.
Ai terras de Aquém-Mar (a-quem-amar)

naus a voltar no meu gostar de ti:
levai-me ao velho pinho do meu lar
eu o vi longe e nele me perdi.


Manuel Alegre

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Recomeça….

Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…

Miguel Torga

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Não Passou

Passou?
Minúsculas eternidades
deglutidas por mínimos relógios
ressoam na mente cavernosa.


Não, ninguém morreu, ninguém foi infeliz.
A mão- a tua mão, nossas mãos-
rugosas, têm o antigo calor
de quando éramos vivos. Éramos?


Hoje somos mais vivos do que nunca.
Mentira, estarmos sós.
Nada, que eu sinta, passa realmente.
É tudo ilusão de ter passado.

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Cantata ao Ano Novo

ajuda-me. guia-me a mão que segura a tua
e limparem a vida incolor e salgada que te escorre na face.
ajuda-me a ajudar-te a limpar esse novo velho rio,
esse caudal de desânimos que te afoga o sorriso
e a esperança. ajuda-me. guia-me a mão e a vontade.
sabes que sou um desajeitado e nem às nuvens arrumo
um horizonte de livro, daqueles de finais bonitos:
amontoam-se sem a elegância e o pormenor da magia,
e não há jardim que as queira como seu tecto
ou poema que delas se valha para encantar olhos que o façam seu leito.

repito-te, grito-te o apelo de um de janeiro, este dia igual
a duzentos! quinhentos! que não quero contar mais as lágrimas
que te vejo e me correm, sinto. roubo-tas
se não as limpares com o que o ano te roubou:
o sorriso, esse violino que embacia as janelas do peito,
a gargalhada, a tua orquestra mediática e que encanta quem a ouve.
embora eu pessoalmente prefira a discreta beleza
do teu gordinho, a ordenar as nuvens em céus e ritmos.
e finalmente os teus jardins, por quem sabe que é neles
que todas as lágrimas morrem e fazem-se flores.

a tua mão na minha ensina-a a ensinar a tua;
tocando-se, o milagre do ano que começa
terá conta diferente da longa má-escrita das rugas do passado.
assopraremos as nuvens e olharemos o horizonte,
nele há o que quisemos e construírmos!

e, cá em baixo, eu guardo em exclusivo as lágrimas
e delas sustento o lago. tu juntas a melodia do teu sorriso,
e de ano-cão inventaremos o perfeito,
as nuvens, a cor, e a vida secreta dos imunes
às malecidências do calendário.

ajudas-me, dás-me a tua mão para te roubar a lágrima e dela fazer um lago,
um lago dum lindo jardim como aqueles que recordamos?

Carlos Gil

domingo, 2 de janeiro de 2011

Pequenos gestos que são grandes emoções



Não importa onde você parou
em que momento da vida você se cansou
o que importa é que sempre é possível e
necessário “Recomeçar”.

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo
é renovar as esperanças na vida e o mais importante
acreditar em você de novo.

Sofreu muito nesse período?
foi aprendizagem …

Chorou muito?
foi limpeza da alma …

Ficou com raiva das pessoas?
foi para as perdoar um dia …

Sentiu-se só por diversas vezes?
é porque fechou a porta até para os anjos …

Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início da sua melhoria …

Pois é … agora é hora de reiniciar … de pensar na luz
De encontrar prazer nas coisas simples de novo.

Que tal
Um corte de cabelo arrojado … diferente?
Um novo curso … ou aquele velho desejo de aprender a pintar, desenhar,
dominar o computador … ou qualquer outra coisa.

Olha quanto desafio … quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando!
Tá se sentindo sozinho?
Besteira! Tem tanta gente que você afastou com o seu “período de isolamento”…
Tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu para “chegar” perto de ti.

Quando nos trancamos na tristeza … nem nós mesmos nos suportamos …
ficamos horríveis … o mal humor vai corroendo nosso fígado …
até a boca fica amarga.

Recomeçar … hoje é um bom dia para começar novos desafios.

Onde você quer chegar? Sonhe alto … queira o melhor do melhor!
Queira coisas boas para a vida…
pensando assim trazemos prá nós aquilo que desejamos.
Se pensamos pequeno, coisas pequenas teremos …
Já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor,
O melhor vai instalar-se na nossa vida.

E é hoje o dia da faxina mental … joga fora tudo que te prende ao passado …
ao mundinho de coisas tristes … fotos … peças de roupa, papel de bala …
ingressos de cinema, bilhetes de viagens …
e toda aquela tranqueira que guardamos quando nos julgamos apaixonados …
jogue tudo fora… mas principalmente: esvazie seu coração,
fique pronto para a vida … para um novo amor…

Lembre-se somos apaixonáveis …
somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes …
Afinal de contas… Nós somos o “Amor”…



” Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura. “ [F. Pessoa]


Carlos Drummond de Andrade

sábado, 1 de janeiro de 2011

Quando Eu não te Tinha

Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo.
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima ...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor —
Tu não me tiraste a Natureza ...
Tu mudaste a Natureza ...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.

Alberto Caeiro, in "O Pastor Amoroso"

Em destaque

orgasmo

fui ver o mar fez-se a mim fiz-me a ele as ondas desta vez tombaram de pé e espumaram de gozo  Bénèdicte Houart (no dia internacional do org...