Em Maio, amo-te nua
sem memória do inverno,
amo-te o corpo na rua
amo-te o rasgo de inferno
e nem sol te contém,
passas da sombra, da luz,
do tempero e do desdém,
da vénia que te depus,
e vens-te.
Em Maio,
amo-te no vestíbulo
de todos os lugares do mundo,
assim, rotundo,
imundo,
nos pórticos de palácios
nas antecâmaras do mar
nas dunas
no quarto
no tecto
nos espasmos do capim
no não no sim
nas montanhas e planaltos
nos saltos altos
nas desculpas nos pretextos
entradas de dicionário
não somos corpos
bissextos
amantes de breviário
vais fazer-me no ginásio
vou comer-te no granito
do tampo que te tiver
em refeições imprecadas na incoerência da nossa
cozinha.
Venha quem vier
Em Maio és minha
Pedro Guilherme-Moreira
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