Desde a esquina do djambu
‘té à do continental
trato os passeios por tu
e um parquímetro mais cómodo
é meu guru pessoal
Encostado e repimpão
olho a ladeira plana
subindo a partir do chão
de cada ponto opção
dos extremos da semana
Conto os passos de quem passa
passeando as dores passivas
passa uma velha uva passa
uma manga femeaça
um ceguinho sem mordaça
um vendedor de caraças
e olhodoins de ameaça
miram rebanhos de chivas.
Mil uvas de várias cores
vão irmãs do mesmo cacho.
Do branco ao tinto é um ror
de perfumes. Preto é cor
negro é raça dum diacho!
Avé, vida da ré pública!
cruza ao gosto do gatilho
numa cruz que não explica
onde é que a cruz simplifica
a trajectória do milho
tudo vai melhor amigo
com coca cola e quejandos
espetam a palha no umbigo
e iniciem o mim migo
ciclo de dor e castigo
pescadinha ao gosto antigo
memimigo memimigo
entoladinhos e bambos
vou aos saldos do jònór
comprar mais antipatia
e uma quinhebta de dor
no muro sotomaior
a ajudar a rebeldia
faço mira pela estrela
dum super branco mercedes
e enquadro a ramela
do cego de sentinela
a uma vitrine de sedas
que capulana bonita
traz a mitó amaral
veio, juro, da botica
mais chicqueira, mais bonita
mais xi... cara patrão! (chita
de pele humana e mortal)
raios pátriam esta tonta
partida dos deuses. Haja
um fim para esta ronda
de paisanos songa monga
com apetites de gaja...
do continental ao djambu
- meu privado festival –
trato os passeios por tu
e um parquímetro guru
é minha espinha dorsal...
Grabato Dias (António Quadros)
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