Josina tu não morreste porque assumimos as tuas
preocupações e elas vivem em mim.
Não morreste porque os interesses fundamentais que
defendias foram integralmente recebidos por nós, como
herança.
Definitivamente te separaste de nós, e a arma e mochila
que deixaste, esses teus instrumentos de trabalho, fazem
agora parte da minha carga.
O sangue que deste é uma pequena gota no muito que
já demos e temos ainda que dar.
A terra vive dos fertilizantes e quanto mais adubada
ela é, melhor a árvore cresce, maior é a sua sombra
frondosa, mais saborosos se tornam os frutos.
Do teu pensamento farei a enxada que revolve a terra
rica do teu sangue.
E crescerão os frutos novos.
Que a revolução alimenta-se do sangue dos melhores
que temos, daqueles que mais amamos.
Assim a missão do teu sangue: fazer dele exemplo vivo
a ser assumido, misturá-lo profundamente à terra
criadora, para que ele nunca seja inútil.
A minha alegria é que como patriota e mulher morreste
duplamente livre, neste tempo em que cresce o poder
novo e a mulher nova.
Nos últimos sofrimentos pedias desculpas aos médicos
de não os poderes ajudar.
A maneira como aceitaste o sacrifício é uma fonte
inesgotável de inspiração e coragem.
Quando um camarada assume tão intensamente os novos
valores, ele ganha o nosso coração, torna-se nossa bandeira.
Por isso, mais do que esposa, foste irmã, camarada,
companheira de armas.
Como chorar um companheiro de armas senão
empunhando a arma caída e prosseguindo o combate.
As minhas lágrimas nascem na mesma fonte em que
nasceu o nosso amor, a nossa vontade e vida
revolucionárias.
Por isso as lágrimas são determinação e juramento de
combate.
As flores que caem da árvore vêm preparar a terra para
que novas e mais belas flores cresçam na estaçãoseguinte.
A tua vida continua nos continuadores da Revolução
Samora Machel - dedicado à sua mulher e escrito em 1971
Nenhum comentário:
Postar um comentário