paixões

sinto-te a dor e queria
- juro-te!... como o queria...
lancetar-ta ou fazê-la também minha
essa nova metástase coronária
que te silencia o brilho do riso,
e hoje me soou com os fortes decibéis
da doença de tristeza dissimulada

(minha querida chalanazita...)

sinto-a como minha, afinal tão iguais:
braços adiados cruzados na desarmonia sentimental,
injustiça de vidas e corações com bússolas trocadas.

não te dou o que não aceitas
nem o que não posso dar-te.
um beijinho e um abracinho, pode ser?
p'ra te afagarem o gordinho,
transfusão de músculo e cor

sabes que mais desejo, meu amor?
ser teu mata-borrão eterno,
engolir-te gota a gota toda a dor

claro que no fim de chorares eu sorrio-te, sedutor.
- que esperavas, hein? ;-)
acaso as desilusões em que sou doutor
me silenciam este robusto amor?

vá, dá-me a mão. as lágrimas também.
ajudo-te a encaixilhares esse lago de sofrimentos,
compreende tu a minha tela, cor púrpura rubra,

esta paixão,
estas paixões.

Carlos Gil